sábado, 15 de novembro de 2008

Leituga



Esta planta de nome científico Sonchus ustulatus, pertence à família Asteraceae e é endémica da ilha da Madeira. Pode ser encontrada em locais rochosos e soalheiros da costa sul da ilha. Este lindo exemplar, encontrei-o por acaso, como tantas outras plantas, na freguesia da Fajã da Ovelha - concelho da Calheta.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Euphorbia mellifera Aiton



Esta tem 4 a 5 m de altura. Merecia ir para o Árvores Monumentais de Portugal.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Frankenia laevis

Quem vai ao Porto Santo e aproveita para dar um passeio a pé, que não só de praia vive um homem, não pode deixar de encontrar esta resistente. Trata-se de uma matinha baixa - 20 cm de altura, se tanto - de cor indefinida, nem verde nem castanho, uma florinha rosa aqui e ali. À primeira vista pareceria um Thymus mas a ausência de cheiro e um exame mais atento à flor, descartou tal ideia.
Só regressada, e com a ajuda do livrinho verde (Franquinho e Costa, Madeira Flores, de facto imprescindível para uma identificação visual), pensei tratar-se da Frankenia laevis.




A família Frankeniaceae tem apenas um género: Frankenia, mas muitas espécies. Na Madeira apenas duas, segundo Press (Flora of Madeira): F. pulverulenta e F. laevis.
Caracterizam-se por incrustações ou pontuações de sal nos ramos e nas folhas, a laevis com as folhas mais estreitas, quase lineares e margens revolutas (enroladas para fora).
Aqui ao lado direito nas Floras e Herbários, escolhendo o Herbário Virtual del Mediterrani Occidental pode encontrar esta e outras Frankenias.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

À volta com as Menthas


As primeiras hortelãs que se atravessaram no meu caminho foram a hortelã de leite e a hortelã-pimenta. São fáceis de distinguir à vista desarmada mas ajuda o aroma distinto de cada uma.


Hortelã de leite

A hortelã de leite tem os raminhos vermelhos - mas só se estiver a pleno Sol, porque na estufa permanece totalmente verde; era usada para aromatizar o leite após a fervura, antes de aparecer o Nesquick e o Toddy; tem um cheiro muito agradável.



Hortelã pimenta

A hortelã-pimenta tem folhas verde mais claro, um cheiro muito mais apimentado, as folhas mais bicudinhas no ápice.

Menta

A terceira Mentha que me foi apresentada foi a que o povo chama simplesmente Menta, de folha redonda, sem pêlo, de novo perfeitamente distinguível pelo cheiro, muito diferente do das anteriores.

Na zona Oeste da Ilha e muito usada na medicina popular, há outra hortelã sem pêlo, o Sandros ou Sândolos, com os raminhos vermelho-roxos, folhas também algo cor de vinho mais acentuada nas margens, um cheiro diferente de todas as outras até aqui, agradável mas pouco característico da hortelã.

Sandros ou Sândolos

Na Quinta Pedagógica dos Prazeres (e não só) há uma hortelã lindíssima com muito pêlo, folhas grandes e largas, de veludo, verde acizentadas, aroma suave. Com esta são cinco.

Sem nome popular


A sexta é a famosa hortelã do ribeiro, também felpuda, mas mais discreta, folhinhas verde escuras, um aroma que suponho ninguém aprecia.

Hortelã do Ribeiro

Há ainda o poejo.

Encontram-se plantas totalmente glabras, sem pêlo; outras perfeitamente peludas com o mesmo cheiro. Pensei tratar-se de duas sub-espécies, mas não: de sementes colhidas de uma planta muito peluda nasceram apenas plantas glabras: não sei explicar, mas entre a Fisiologia vegetal e as leis de Mendel...

Passar para os nomes científicos é que não tem sido fácil.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Hypochoeris



Esta amarelinha foi-me aparecendo ao longo de todo o caminho entre o Terreiro da Luta e o Poiso. Voltei a encontrá-la noutros locais: Fajã da Ovelha em Maio, Fajã da Nogueira em Julho. Aparece-nos geralmente a fazer rapell pelas paredes fora. Pareceria um dente de leão não fosse a ramificação do escape floral. Deu luta através das Floras e ainda não tenho a certeza mas parece-me que o mais provável é tratar-se da Hypochoeris radicata.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Ciúmes

Esta planta com nome comum muito peculiar, designa-se por Consolida ajacis e pertence à família Ranunculaceae. Encontrei-a por mero acaso, pequenina escondida entre a vegetação, numa berma de estrada, na freguesia da Fajã da Ovelha.

sábado, 12 de julho de 2008

Aizoon canariense

Tão pequenina que mal damos por ela.
Num cantinho de escada na Ponta de São Lourenço, em Março de 2008.
Família Aizoaceaea

domingo, 11 de maio de 2008

Erva - terrestre

   Esta planta endémica da Madeira, Sibthorpia peregrina,  pertencente à família Scrophulariaceae, é conhecida por vários nomes comuns, tais como, Erva - terrestre, Hera - terrestre ou Erva redonda. Herbácea rasteira, frequente na Laurissilva e em outros locais de ambiente sombrio e húmido, apresenta folhas reniformes a orbiculares com as margens crenadas, as flores são pequenas, axilares e em forma de tubo de cor amarelo pálido. Numa pequena localidade na costa norte da ilha da Madeira, freguesia da Ilha (concelho de Santana), em trabalho de campo,  foi referido pela população o chá das folhas frescas para o coração.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Poema das Árvores


As árvores crescem sós.
E a sós florescem.
Começam por ser nada.

Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
A crescer e a florir sem consciência.

Virtude vegetal viver a sós
E entretanto dar flores.

António Gedeão
Foto; L. Ramos

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Fedegoso

Fedegoso, Cavaleira, Visigodes, Cavaloa ou Trevo-betuminoso, são inúmeros os nomes vulgares pertencentes a esta planta de nome científico Bituminaria bituminosa.

Esta espécie pertence à família Fabaceae e é indígena da Madeira, Canárias, sul da Europa, norte de África e oeste da Ásia. Na ilha da Madeira, é frequente em locais expostos e secos até aos 650 m de altitude, junto ao mar e no interior, ao longo de caminhos ou em terrenos agrícolas abandonados.

É uma herbácea perene, pubescente de folhas trifoliadas, cujos foliólos são ovados-orbiculares a lineares-lanceolados; as flores estão dispostas em capítulos de 4-17 flores, de cor azul-violácea a branco; o seu fruto é uma vagem com pêlos brancos e pretos. Possui um cheiro forte a betume ou a nafta.

Esta planta, segundo alguns dados etnográficos existentes, era utilizada na ilha da Madeira como tónico capilar.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Losna


Artemisia argentea

Pode considerar-se esta planta um sucesso de domesticação, uma vez que saltou das zonas secas do litoral rochoso da Madeira, do Porto Santo e das Desertas, para os terrenos cultivados, geralmente beiras de muro e foi-lhe dado um uso.

A losna é endémica e foi classificada, no século XVIII por um francês chamado Charles Louis L´Héritier.

A velha citação bíblica “Eis que lhes darei a comer losna, e lhes farei beber águas de fel” referindo-se a outra Artemísia provavelmente a Artemisia absinthium ou a Artemisia vulgaris indica-nos uma característica deste género: é considerada uma das plantas mais amargas ao paladar, só ultrapassada, entre as vulgares na Europa, pela Arruda.

As primas Artemisia absinthium e Artemisia vulgaris são conhecidas e utilizadas desde a antiguidade, a primeira para males de estômago (era o constituinte original do famoso Vermut) e a segunda para “desordens femininas”.

É de crer que os primeiros colonizadores, ao reconhecer parecenças com estas duas, a tenham levado para casa e experimentado os seus benefícios. A planta ajudou, ao ter-se mostrado de fácil cultivo e propagação. Pega de galho e basta-lhe o canto de um muro, muito Sol e boa drenagem.

Reconhecê-la é fácil por ser toda ela de uma cor cinzenta, quase branca, atingir cerca de um metro em altura e largura, e invariavelmente encontrar-se debruçada para fora do muro. As suas folhas esmagadas entre os dedos têm um aroma característico, qualquer coisa entre o chocolate e um produto limpa móveis.

A população madeirense usava as folhas e sumidades floridas em infusão como vermífugo, estomástico, no tratamento da apoplexia e como emenagogo, usos estes explicados pelo Visconde do Porto da Cruz nos seus escritos do princípio do século XX, e referidos também por outros autores.

É uma planta rústica e forma um arbusto bonito que poderá ornamentar qualquer jardim.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A Um Carvalho

Eis o pai da montanha, o bíblico MoisésVegetal!
Falou com Deus também,
E debaixo dos pés,
inominada, tem
A lei da vida em pedra natural!

Forte como um destino,
Calmo como um pastor,
E sempre pontual e matutino
A receber o frio e o calor!

Barbas, rugas e veias
De gigante.
Mas, sobretudo, braços!
Longos e negros desmedidos traços,
Gestos solenes duma fé constante...

Folhas verdes à volta do desejo
Que amadurece.
E nos olha a prece
Da eternidade
Eis o pai da montanha, o fálico pagão
Que se veste de neve e guarda a mocidade
No coração!

Miguel Torga
(Foto retirada daqui)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Tomate Barrela

Originária da América do Sul, esta espécie, de seu nome Physalis peruviana, é conhecida na ilha da Madeira por: tomate barrela, tomate de capucho, tomate inglês e tomateiro inglês.

Pertence à família Solanaceae, é uma planta perene, pubescente, de folhas alternas ovadas com margens inteiras ou remotamente dentadas, de flores solitárias em forma de campânula, amarelas, com 5 manchas lilacínias. O fruto é uma baga redonda amarela de 11-15 mm, encerrada pelo cálice.

Segundo a bibliografia, é uma planta totalmente naturalizada, comum no séc. XIX, no entanto, tornando-se escassa ao longo do tempo.

Hoje ainda é cultivada em certas localidades, sendo o seu fruto consumido fresco ou em compota. Outra utilização muito curiosa, na freguesia da Ilha-Santana, era para branquear as peças de linho, utilizadas para confeccionar vestuário para a população, há muitos anos. Para isso, o linho era colocado numa bacia com cinza, em seguida deitavam as seguintes ervas: saramago (Raphanus raphanistrum), feitinhas mansas (Athyrium filix-femina) e o tomate barrela, (Physalis peruviana) fervidas em água; e deixadas as peças de linho corar.
Esta mistura, como mais tarde explicaram-me na freguesia citada, era designada por barrela; interrogo-me, desde então, se desta mistura não teria nascido o nome popular tomate barrela - neste caso, tomate da barrela...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Poema das Folhas Secas de Plátano

As folhas dos plátanos
desprendem-se e lançam-se na aventura do espaço,
e os olhos de uma pobre criatura
comovidos as seguem.
São belas as folhas dos plátanos
quando caem, nas tardes de Novembro
contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento.
Ondulam como os braços da preguiça
no indolente bocejo.
Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,
traçam erres e esses, cicloides e volutas,
no espaço escrevem com o pecíolo breve,
numa caligrafia requintada, o nome que se pensa,
e seguem e regressam,
dedilhando em compassos sonolentos
a música outonal do entardecer.
São belas as folhas dos plátanos espalhadas no chão.
Eram lisas e verdes no apogeu
da sua juventude em clorofila,
mas agora, no outono de si mesmas,
o velho citoplasma, queimado e exausto pela luz do Sol,
deixou-se trespassar por afiado ácidos.
A verde clorofila, perdido o seu magnésio,
vestiu-se de burel,
de um tom que não é cor,
nem se sabe dizer que nome tenha,
a não ser o seu próprio,
folha seca de plátano.
A secura do Sol causticou-a de rugas,
um castanho mais denso acentuou-lhe os nervos,
e esta real e pobre criatura
vendo o solo coberto de folhas outonais
medita no malogro das coisas que a rodeiam:
dá-lhes o tom a ausência de magnésio;
os olhos, a beleza.

António Gedeão

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Mãozinhas de Nossa Senhora

Eriocephalus africanus L.

Também aqui chamado Alecrim da Virgem ou Alecrim de Nossa Senhora, é originário da África do Sul, província do Cabo, onde cresce espontaneamente e onde desde sempre lhe foram reconhecidas propriedades medicinais pelos povos indígenas.

A tradução do nome dado na sua terra natal seria “arbusto da neve do Cabo” (Cape snow bush) devido aos pompons brancos em que se transformam as flores na fase da frutificação.


Não sabemos quando terá chegado à Madeira. Podemos no entanto adivinhar ter vindo pela mão de algum emigrante conhecedor do valor dado na região de origem. Na Madeira parece não formar sementes viáveis, mas multiplica-se facilmente por estaca, pelo que as plantas existentes pela ilha deverão pertencer a um ou a poucos clones.

Cresce cerca de 1m de altura e largura, com folhas cilíndricas, algo suculentas, de 1 a 2 cm de comprimento por 1 a 1,5 mm de largura. As folhas são acinzentadas e crescem agrupadas em tufos ao longo dos lançamentos. Têm um cheiro característico que por vezes é descrito como semelhante a Vicks. Toda a planta tem um ar cinzento esverdeado.

A flor é um pequeno capítulo, com “pétalas” exteriores brancas e flores avermelhadas no interior. Aparecem em grande quantidade em Novembro e a floração prolonga-se por vários meses.

Consultando os trabalhos do Visconde do Porto da Cruz de meados do século passado, ficamos a saber que os madeirenses usavam esta planta para minorar a apoplexia: eram colocadas folhas de alecrim da virgem, arruda, louro, losna, rosmaninho, alecrim e murta sobre as brasas num prato de barro e, logo que começassem a fumegar, o prato era colocado debaixo da roupa de cama do doente que teria de ficar bem abafado, transpirar, e respirar esta mistura.

Ainda segundo o Visconde, raminhos desta planta serviam para perfumar a roupa guardada nas arcas.