quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Dragoeiro

No século XV com o descobrimento do arquipélago da Madeira, novas espécies surgem e surpreendem os primeiros exploradores. Menciono por exemplo, o dragoeiro, Dracaena draco L.,   árvore de grande porte, de frutos amarelos e seiva "cor de sangue", que foi referida pela primeira vez nos diários de viagem de Luigi Cadamosto, navegador italiano, que em 1455,  descreve: "encontrei aí sangue de draco, que nasce em algumas arvóres. Extrai-se desta maneira: dão-se uns golpes de cutelo no pé da árvore e no ano seguinte, os ditos golpes deitam goma, que cosem e purificam e se faz o sangue." Aproximadamente, quinhentos anos após este registo, são mencionadas pelo Visconde do Porto da Cruz, Alfredo de Freitas Branco, algumas utilizações medicinais desta espécie.
A população madeirense, hábil na utilização dos seus recursos, passa a usar a resina depois de reduzida a pó e  mistura-a com aguardente, sendo ingerida em casos de contusões internas, denunciadas por sangue na boca. É também adicionada a feridas, de forma a estancar rapidamente o sangue ou ainda usada em contusões e pancadas.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Pessegueiro - inglês, Berbina

Aloysia citriodora Palau      
 
Introduzida na Europa no século XVIII por exploradores espanhóis, esta planta nativa da América Central e Sul, pertence à família das Verbenaceae. Arbusto que pode atingir os 3 m de altura, apresenta folhas lanceoladas, aproximadamente 3 por nó e uma panícula terminal com flores brancas.
Ambas, folhas e flores libertam um doce aroma a limão, em locais distantes deste minúsculo ponto no Atlântico, ilha da Madeira, é usada para aromatizar peixe, aves, doces e pudins, cá é ingerida como bebida refrescante no Verão ou chá quente e aconchegante no Inverno. Segundo relatos orais recentes e registos bibliográficos mais antigos, apresenta algumas aplicações medicinais, tais como calmante, sonorífera, em problemas cardíacos e gripais.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

     A Erva-gigante ou Gigante (Acanthus mollis) é uma planta originária do Mediterrâneo, introduzida na ilha da Madeira  à algum tempo. É espontânea em Portugal Continental e nos Açores, na ilha da Madeira está naturalizada, surgindo acima dos 700 mts na costa sul.
     Esta planta era utilizada como ornamental e medicinal. As suas utilizações medicinais eram essencialmente para uso externo, nomeadamente para a desinfeção e cicatrização de feridas onde eram aplicadas as folhas esmagadas. Para  furúnculos, segundo relatos orais e a pouca bibliografia existente, as folhas eram esmagadas e presas com uma faixa de tecido limpo durante algum tempo até que este rebentasse.
      Hoje, tal como muitas vezes reflito sobre as estranhas utilizações de várias ditas plantas medicinais, ressalvando no entanto, que algumas destas poderão de facto ter alguma aplicação e fundamento,  necessitando apenas de estudos científicos que as comprovem...
     Apesar de considerar, que estas inacreditáveis aplicações  são fruto na maior parte dos casos, do conhecimento passado através de gerações e que são  dignas de registo pois são elementos importantes da nossa cultura madeirense. Comove-me, sempre que leio ou oiço um relato destas utilizações "estranhas" pois estas refletem de forma crua e  triste as épocas de carência, de fraco desenvolvimento e muitas vezes a angústia de uma população, que tudo usava e experimentava para tentar curar as suas maleitas...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Borragem

      A borragem ou Borago officinalis  é originária do mediterrâneo atinge aproximadamente os 60 cm de altura, e possui folhas ovais a oblongas, pubescentes e flores de cor azul intenso.
Ao longo da história tem sido usada para atrair as abelhas e dar sabor ao mel, bem como utilizada na medicina tradicional.
      Na antiga Roma, os jovens soldados  tomavam-na para obterem coragem e ânimo, na época dos Cruzados era servida flutuando numa bebida para  o mesmo propósito. Esta herbácea, anual  é ainda utilizada na medicina tradicional e na culinária. As suas folhas frescas  são ricas em vitamina C, cedem um óptimo sabor a saladas, sopas, queijo fresco ou simplesmente são ingeridas após terem sido salteadas em azeite e alho.
     Na ilha da Madeira foi introduzida e cultivada para fins medicinais e melíferos, hoje é subespontânea surgindo em aterros, terras cultivadas ou beiras de caminhos. Segundo alguns trabalhos etnobotânicos realizados, o seu chá é ainda usado para constipações e para a má-circulação...


Foto retirada daqui

 

quinta-feira, 29 de março de 2012

Wahlenbergia lobelioides
















Wahlenbergia lobelioides subsp. lobelioides

Um endemismo da Macaronésia, presente na Madeira, Desertas, Selvagens e no Porto Santo, onde é possível encontrar em vários picos.

terça-feira, 27 de março de 2012

Segurelha

Thymus vulgaris
A segurelha é possivelmente uma das mais utilizadas plantas aromáticas da Europa, sendo já usada na Antiga Grécia para perfurmar a água dos banhos e ainda queimavam-na nos templos para eliminar as "criaturas venenosas"... Os romanos cultivavam-na ao pé das colmeias para dar sabor ao mel, bem como usavam-na nos queijos e licores. Atualmente, é um dos vários componentes do licor Benedictine.
Na culinária é adicionada aos ensopados, em sopas, pratos de peixe, carne, assim como adicionada nos pickles com azeitonas.
Na ilha da Madeira, esta herbácea é muito utilizada na culinária e como medicinal. Segundo trabalhos etnobotânicos realizados em algumas zonas rurais da ilha, o seu chá junto com Rosmarinus officinalis (alecrim) e Laurus novocanariensis (loureiro); ou esta mistura com dentes de alho, rodelas de limão e vinho ou ainda Thymus vulgaris, Laurus novocanarienis, Cinnamomum zeylanicum (caneleira), dentes de alho (Allium sativum) e vinho eram utilizados para a gripe. Para dores menstruais foi apontada a ingestão de um copo de vinho fervido com um raminho Thymus vulgaris. Para as vacas após ao parto, foi também referido uma porção de vinho fervido com Thymus vulgaris e Cinnamomum zeylanicum.
São inúmeras as suas utilizações... neste pequeno canto do atlântico.

sexta-feira, 23 de março de 2012

A Frankenia do Porto Santo



















Frankenia laevis L.

Segundo a Listagem (Listagem dos fungos, flora e fauna terrestres dos arquipélagos da Madeira e Selvagens) há duas Frankenias no Porto Santo, a F. laevis e a F. pulverulenta.

Estava com alguma dificuldade em identificá-las nas fotografias que trouxe do Porto Santo, mas consultando a Flora of Madeira, Press, 1994 (que velharia), fico a saber que a última é anual.

A F. laevis forma umas matinhas baixas com um ar “nojentinho” nos anos secos, e uma cara bem mais verdinha (e rosa) nos anos menos secos.

É uma resistente, e por vezes o único ser vegetal nas encostas erodidas da ilha.

Numa das fotografias parece distinguir-se um exemplar de pétalas dobradas.

quinta-feira, 22 de março de 2012

O Limonio do Porto Santo


















Limonium lowei

um novo nome para o endemismo portosantense Statice pyramidata Lowe (Plumbaginaceae).

Não está no TOP 100 das espécies mais ameaçadas da Macaronésia, mas tendo em conta a sua restrita área de ocupação, e a abertura recente de uma estrada…

terça-feira, 20 de março de 2012

Mais um Massaroco






















Echium portosanctensis
Nova espécie classificada em 2010 para o Porto Santo, este massaroco distingue-se dos dois existentes na Madeira, desde logo pelas inflorescências rosa. Mais perto podemos ver que o que dá o tom geral à inflorescência são os estames com os filetes rosa e as anteras azuis.
Pode ler mais no link abaixo
http://www.rjb.csic.es/jardinbotanico/ficheros/documentos/pdf/anales/2010/Anales_67_2_87-96.pdf

Erva Príncipe

    Erva príncipe, erva caninha, erva cidreira de cana, são inúmeros, os nomes comuns dados pela população da Ilha da Madeira, a esta planta de nome científico Cymbopogon citratus Staf. Herbácea perene, originária da Ásia possui caules eretos (alargados na base) que formam tufos densos e robustos. As suas folhas lineares, inteiras chegam até aos 90 cm de comprimento, que quando esmagadas libertam um suave e agradável odor a limão.
    Atualmente, esta planta é amplamente cultivada em várias partes do mundo, no oriente, o caule é utilizado na culinária e em infusões; nos trópicos é um importante elemento da medicina tradicional. Os seus usos medicinais são diversos, no entanto é mais conhecida para distúrbios gastro-intestinais.
   Na Ilha da Madeira é cultivada junto às habitações para fins medicinais, e segundo informações recolhidas em passados trabalhos etnobotânicos, esta planta é utilizada como calmante para dormir e para atenuar "dores de barriga". Foi ainda mencionado nestes estudos, que um chá desta herbácea com açúcar era dado às abelhas em época de pouco alimento.

terça-feira, 13 de março de 2012

Ajuga iva pseudoiva

















Ainda sem floração no Porto Santo, esta planta encontra-se frequentemente quer a nordeste, onde foram feitas as duas primeiras fotografias, junto à subida para o Pico Branco, quer a oeste na subida para o Espigão.

Tem um distintivo aspecto peludo e não cheira, contrariando uma característica típica da família a que pertence